O Concelho do Dange criado na sequência dos acontecimentos de 15 de Março de 1961 formou-se: com o Posto Administrativo do Quitexe (anteriormente pertencente ao Concelho de Ambaca – Camabatela) que passou a ser o posto – sede; com o Posto Administrativo de Cambamba (salvo erro separado do Concelho dos Dembos em Quibaxe); e com os postos administrativos de Vista Alegre e Aldeia Viçosa (antes de 15 de Março de 1961 simples povoações comerciais).
Posto administrativo de Aldeia Viçosa - década de 70
Já disse em outro momento das minhas memórias do Quitexe, que eu estava em Aldeia Viçosa por autorização particular do Governador do Distrito do Quanza Norte, Major Silva Sebastião. Formalmente o meu lugar era no Quitexe. Como entretanto o verdadeiro titular do lugar de Aldeia Viçosa se apresentou, despedi-me do António Augusto Ribeiro França e, creio que em Janeiro ou Fevereiro de 1962, fui para o Quitexe.
No Quitexe, estavam já, se não me engano, o Administrador Rodrigo José Baião, o Secretário Políbio Fernando Amaro Valente de Almeida, o Chefe de Posto Largo Antunes (que se encontrava ali à espera de que fossem criadas as indispensáveis condições para ir para Cambamba) e dois ou três aspirantes interinos (como era o meu caso). Pago com verbas da Comissão Municipal do Quitexe, de que era oficialmente funcionário, estava o Varela, um cabo-verdiano aparentemente sem grandes ambições materiais, todavia um bom profissional e excelente pessoa. Onde estará hoje o amigo Varela, que todos nós tanto estimávamos?
Na altura, em relação à Administração, a preocupação máxima era pô-la a funcionar em pleno, uma vez que, como já disse anteriormente, o Quitexe antes era um mero posto administrativo e, naquela qualidade, teve como último Chefe de Posto, Nascimento Rodrigues, que, como disse num outro momento, eu conheci em plena estrada Camabatela – Quitexe.
O edifício, que antes tinha albergado o extinto posto administrativo e daí em diante ia acolher a Administração, estava ainda fortificado com sacos de areia, inclusive nas janelas, e alguma tropa pernoitava no interior. Procedeu-se pois à sua completa organização tendo em vista a normalização crescente da vida da vila e da área envolvente.
Durante a operação geral de limpeza, organização e arrumação, certo dia, de uma das velhas pastas saltou um dedo já ressequido. E no balcão de madeira, de atendimento, viam-se bem nítidas as marcas de algumas das catanas que em 15 de Março de 1961 chacinaram muitos dos habitantes do Quitexe. Inclusive, mulheres e crianças. Tal não foi a violência do massacre daquele fatídico dia!
Arlindo de Sousa