Nos últimos dias têm sido escritos diversos comentários aos textos e fotografias que venho colocando no blogue. Como os comentários quase se perdem no meio dos textos vou trancrevê-los para aqui de modo a terem mais notoriedade.
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De Arlindo de Sousa a 31 de Julho de 2008 às 21:57
Tenho estado a observar esta página com muita atenção. Muitos nomes estão ainda bem presentes na minha memória. De acontecimentos, edifícios, pessoas e lugares. Parabéns ao seu autor. Sinto uma grande emoção.
Tal como já disse num outro comentário mais acima, fui funcionário administrativo (Inicialmente, Aspirante e depois escriturário) da Administração do Concelho do Dange no Quitexe de 1961 a 1963. Entre os 18 e os 20 anos. Altura em que, de acordo com as leis do recenseamento, fui cumprir o Serviço Militar no CICA – Grupo de Artilharia de Luanda.
Um dado curioso: Por ordem de serviço publicada no Boletim Oficial, dado que o lugar se encontrava vago, cheguei a desempenhar por duas vezes, e por breves períodos, as funções de Adjunto de Administrador de Circunscrição, que por inerência, entre outras funções, era também o Secretário da Comissão Municipal do Quitexe.
Devido a esta circunstância, as folhas enviadas ao Centro de Recrutamento em Luanda, listando-me como único mancebo, foram assinadas e autenticadas por mim próprio. Conclusão: Recenseei-me a mim próprio. Jamais deve ter havido outro caso semelhante!
De Arlindo de Sousa a 31 de Julho de 2008 às 22:56
Por volta de 1962-63 ainda conheci o Victorino da Rocha Nunes, que foi gerente da Fazenda Muzecano. Que tinha sido ou era de um alemão. De um tal Auri Khin (já não sei se o nome se escrevia exactamente assim) Fazenda onde cheguei a estar instalado durante uns oito dias a fazer um inventário por ordem do tribunal. Nessa altura, ele era ainda muito novo e penso que seria ainda solteiro. Penso que ele foi o 1.º gerente da Fazenda Muzecano depois dos trágicos acontecimentos de 15 de Março de 1961.
De Arlindo de Sousa a 31 de Julho de 2008 às 23:44
O edifício da Administração está uma lástima. Apesar da simplicidade, era um imóvel de aspecto agradável.
Trabalhei ali quase dois anos. De 1961 a 1963. Conheço bem o interior. A seguir aos trágicos acontecimentos de 1961, sob a direcção do Administrador, Rodrigo José Baião, primeiro; e depois, sob a direcção do Administrador, Meneses e Pereira, na organização e implementação da Administração.
Anteriormente, como se sabe, o edifício albergava um mero Posto Administrativo. Sob a alçada do concelho de Ambaca, Camabatela.
Lembro-me de que no balcão de madeira, de atendimento, viam-se bem nítidas as marcas de algumas das catanas que em 15 de Março de 1961 chacinaram muitos dos habitantes do Quitexe. Inclusive, mulheres e crianças.
Certo dia, quando estávamos a organizar o arquivo, de duma das velhas pastas saltou um dedo já ressequido. Tal não foi a violência daqueles trágicos dias!
Muito obrigado, Arlindo, pela sua participação. Nao terá conhecido o meu Pai, João Nogueira Garcia, porque ele esteve no Quitexe de 1947 até Julho de 61 e, depois, apenas, em 73 e 74, mas conheceu, concerteza, o meu tio Alfredo Baeta Garcia, que aí permaneceu depois de 61.
Espero continuar a contar com o seu contributo e com as memórias do tempo em que lá viveu!
Os textos poderão ser enviados para
De Arlindo de Sousa a 4 de Agosto de 2008 às 15:44
Estimado J. Garcia,
Lembro-me muito bem do apelido “Garcia” da sua família. Especificamente, em relação ao seu tio Alfredo Baeta Garcia, tenho uma vaga ideia (já lá vão quarenta e tal anos). Será que ele também ainda se lembrará do meu nome? De qualquer modo, tenho muitas recordações do Quitexe para lhes contar. O que farei oportunamente.
Até lá deixo um grande e fraterno abraço para si e para todos os amigos que amam o Quitexe e as suas gentes. Essa marca de amor pelo Quitexe também ficou gravada no meu espírito. É de tal ordem que quando o Quitexe sofre, eu sofro igualmente. Quando do Quitexe chegam boas notícias, como já está a suceder, sinto uma alegria imensa.
O que todos nós queremos é que o Quitexe e Angola cresçam, cresçam, cresçam. Entre muitos outros aspectos, em riqueza e em espírito. Os laços que nos ligam a essas terras são indestrutíveis e estou certo que, tal como já está a acontecer no presente, hão-de ser muito valorizados pelas gerações do futuro.
Um grande abraço,
Arlindo de Sousa
E.T. Se me demorar um pouco a responder não é por desinteresse. Por vezes, tenho de me ausentar durante alguns dias para locais onde não tenho acesso a este meio de comunicação.
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