As fotos tiradas pelo Luís Felizardo em Julho evidenciam as obras que decorriam no Quitexe: A Administração, as residências para a administradora municipal e seu adjunto e a escola.
O edifício da Administração Municipal já concluído e as residências ainda em obras.
O Tó Guerra deixou-nos. Aos 60 anos não resistiu à terrível doença que se manifestou há menos de um ano. Com uma vontade enorme de viver, nunca se deixou abater e acreditou, sempre, que iria superar a enfermidade. Não o conseguiu, mas fica connosco a memória de um homem excepcionalmente bom, querido e estimado, por todos.
Tive o prazer de o (re)encontrar há alguns anos e fiquei encantado com a sua afabilidade e simplicidade, o seu enorme coração, sem tempo para a mesquinhez ou a maledicência.
Foi o primeiro filho de europeus ou, sem eufemismos, o primeiro branco a nascer no Quitexe, filho de Abílio e Helena Guerra. Aí cresceu, numa infância feliz, até aos 10 anos, tendo deixado o Quitexe depois dos trágicos acontecimentos de 61.
“Eu tive o privilégio de nascer em Angola e crescer livre (qual bicho do mato) pelas terras do Quitexe e viver a odisseia da época das chuvas e das viagens a Luanda sem estradas asfaltadas. Aprendi a comer o funge com as mãos, com quem mais entendia do assunto e, acreditem, tem outro paladar.”
O seu amor pelos amplos espaços ainda se mantinha e concretizava-o com a sua auto-caravana que lhe permitia calcorrear as distâncias em liberdade.
Em boa hora o desafiei a escrever as suas memórias de infância, no Quitexe, e ele partilhou connosco uma série de histórias magníficas, desde o fatídico 15 de Março, até às hilariantes descrições das suas aventuras de criança rebelde.(http://antonioguerraquitexe.blogs.sapo.pt/)
Sei que lhe foi difícil reviver o 15 de Março e ter verificado que o trauma que julgava já arrumado numa gaveta da memória, afinal estivera sempre presente na sua vida, manifestando-se inconscientemente em momentos delicados. Assumiu a descrição da tragédia com o distanciamento que só um espírito livre consegue, sem ódios, sem rancores ou ideias de vingança recalcada. O horror visto pela criança de 10 anos, com os mesmos olhos, com a mesma simplicidade e incredulidade.
Não fosse a guerra civil, iniciada em 1975 e o Tó teria sido, sem dúvida, um cidadão angolano com as raízes bem fundas nessa terra que amava e a que pertencia de alma e coração – o Quitexe.
A toda a família, em especial à Nanda, ao Pedro e à Odete as mais sentidas condolências deste blogue.
João Garcia
Uíge - Catorze escolas do primeiro e segundo ciclos de ensino e três centros de saúde construídos pelo governo, no quadro do Programa de Investimentos Públicos (PIP), vão ser inauguradas na província do Uíge, no âmbito dos festejos do 35º aniversário da Independência Nacional, a assinalar-se a 11 de Novembro.
Segundo o programa do governo provincial, chegado hoje à Angop, as infra-estruturas escolares serão inauguradas nos municípios de Quitexe, Damba, Mucaba, Milunga e Bungo.
Estão igualmente agendadas inaugurações das instalações dos Serviços Integrados de Atendimento ao Cidadão (Siac), os sistemas de telefonia móvel da Unitel "Liga Liga", o sinais da Televisão Pública de Angola e da Unitel, no município de Quimbele.
Consta ainda do programa a inauguração de empreendimentos administrativos, nomeadamente residências para os administradores e seus adjuntos, assim como a realização de um concurso de gastronomia, literário "Havemos de Voltar", maratonas populares "11 de Novembro", "Caça Talentos", entre outras actividades.
Para saudar a data, estão agendadas igualmente actividades recreativas, culturais e desportivas, campanhas de limpeza e embelezamento, lançamento do concurso infantil de melhor reportagem radiofónico, além de visitas a localidades históricas
Abrindo o baú.
Não recordo os nomes ... Se alguém puder ajudar .
Acredito que essas fotos são de 67 a 69 .
Antônio Rei
António Rei e dois militares frente ao Hospital
A casa que se transformou em Hospital Militar
Em 1962 alguns ( sobreviventes ) retornam ao Quitexe .
Os poucos que persistem são treinados e preparados como um grupo Especial da Defesa Civil .
Não recordo os nomes ....
Antônio Rei
Em 1962 fui para o Colégio Nun´Álvares de Tomar onde tive grandes amigos . Entre eles, o Cavaco que foi convocado para o exército em 66/67.
Por ironia do destino foi para o Quitexe e, como não podia deixar de ser, tornou-se um grande amigo da familia .
Infelizmente o Alferes Moura Cavaco morreu por acidente, ao desactivar uma mina Anti-Pessoal nas imediações da Fazenda Negrão, no dia 26/02/1968, uma terça-feira de carnaval. O pessoal técnico que foi levantar a mina foi o mesmo que a montou.
O acidente deveu-se essencialmente ao facto do capim ter crescido muito com as chuvas, facto que modificou o aspecto do terreno no local.
Antônio Rei
TPA
Na terra dos bagos vermelhos província do Uíge, a polícia nacional registou 77 crimes de diversas naturezas, com uma operatividade por parte das autoridades de 95%. Em Setembro do corrente ano os municípios do Uíge, Kiteche e Songo tiveram o maior número de casos registados, com a detenção de 79 cidadãos. Em Outubro foi registado 25 acidente de viação, causando quatro mortos, 26 feridos e danos materiais avaliados em mais de cento e vinte mil Kwanzas. Em Setembro houve 240 operações ao código de estrada que resultaram em 14 atropelamentos, quatros atropelamentos, duas capotagens e aplicadas multas no valor de 283 mil Kwanzas. As autoridades policiais vão redobrar as vigilâncias com novos métodos para reduzir o índice de criminalidade. |
Nota: Nesta notícia da Televisão Pública de Angola não deixa de ser curiosa a forma que reveste o topónimo "Kiteche", que nunca tinha encontrado. Outras formas já encontradas: Quitexe (a oficial, em português), Quiteche (no pricípio do séc. XX), Kitexi e Kitexe (Kimbundo)
António Rei andou a pesquizar no baú das fotografias e encontrou algumas preciosidades:
A primeira foto (1969) é da familia Rei ( Jaime , Glória , Antônio e Rui ) + ( José , Joaquina , José Carlos e a batizada Elizabete ) + Salustiano e Zarina Reis do Songo , junto com o padre (esqueci o nome) em frente à Igreja no batizado da Beta .
A segunda foto é dos anos 60 . Primeira comunhão de Antônio Guerra , Antônio Rei , Graça Barreiros e Manuela J. Batista
O Município de Ambaca, vizinho do Quitexe e ao qual este já pertenceu, tem sofrido obras de construção e reabilitação de infraestruturas, mas enfrenta o problema da falta de quadros em todas as áreas, conforme testemunhado nesta reportagem da Angop:
Marcelo Manuel | Camabatela - 04 de Outubro, 2010
Fotografia: Marcelo Manuel
O município de Ambaca é dos que mais cresce social e economicamente na província do Kwanza-Norte, em função dos projectos desenvolvidos pelo Executivo, principalmente no abastecimento de água potável, energia eléctrica, construção de unidades sanitárias e escolares, a par da grande dinâmica que se regista no sector pecuário.
As comunas do Tango e o sector do Mussabo, no primeiro trimestre do ano começaram a ser dotadas de duas centrais de captação, tratamento e abastecimento de água potável, enquadradas no programa do Executivo “Água para Todos”.
Os dois projectos prevêem a canalização de água ao domicílio e a construção de chafarizes e lavandarias. As obras estão orçadas em 165 milhões de kwanzas.
As estações funcionam num sistema de electrobombas alimentadas por um grupo de três geradores cada um com capacidade de 30 KVA.
Segundo a administração de Camabatela, a construção do novo hospital municipal, com capacidade para internar 120 doentes, está em fase de conclusão. A estrutura foi erguida num terreno com 15 mil metros quadrados. Tem blocos operatórios, áreas de consultas externas para todas as especialidades, serviços de limpeza, cozinha, refeitório, farmácia, radiologia, e morgue. Vai também prestar cuidados intensivos. A sua projecção como Hospital Regional vai permitir receber pacientes das províncias do Bengo, Uíge e Malange. O director provincial da Saúde do Kwanza-Norte, Manuel Duarte Varela, informou que a inauguração do novo hospital está dependente do acabamento das casas dos funcionários e o recrutamento de 20 novos médicos, 100 enfermeiros e 30 técnicos de meios auxiliares de diagnóstico.
Em Camabatela está a ser construída a linha de alta tensão entre Capanda e Maquela Zombo, que atravessa o Lucala, Samba Cajú e Ambaca. O projecto originou a construção de uma subestação eléctrica na localidade de Pambo de Sonhy, que nos próximos dias vai distribuir energia à região.
Em Camabatela, capital do município de Ambaca, já estão montados os aparelhos técnicos das linhas de média, baixa tensão e domiciliar em alguns bairros.
No âmbito da aprovação da construção do novo matadouro industrial, estão a decorrer estudos preliminares para o arranque do projecto. O mesmo sucede com as reservas fundiárias. A circulação de pessoas e bens entre a comuna do Bindo e a sede municipal regista melhoras com os trabalhos de terraplanagem efectuados na picada que liga as duas localidades.
Café e gado
O município de Ambaca tem excelentes condições para a agropecuária, com relevância para a criação de animais de grande e pequeno porte, produção de cereais, tubérculos, café, frutas e madeira. A principal actividade é a agricultura de subsistência, praticada pela maioria da população.
Um relatório do Governo Provincial revela ainda que existem no município 61 associações de camponeses, 13 cooperativas e cinco agricultores que na actual época agrícola prepararam 154 hectares mecanizados, já semeados.
Até finais de 2009, foram recuperadas 24 fazendas, mais 20 em relação aos últimos três anos, com um efectivo de 6.527 cabeças de gado bovino, mais duas mil em relação ao ano de 2008.
Existem igualmente 52 fazendas de café, das quais duas desenvolvem as suas actividades com regularidade. O número de cafeicultores é de 1.446. O município conta com oito técnicos especializados, ligados aos ramos da Estação Municipal de Desenvolvimento Agrário, Gabinete Regional de Desenvolvimento Agrário de Camabatela, Brigada Técnica do Café e Mecanagro.
Educação e saúde
Está em curso a conclusão de uma escola com seis salas de aulas, na sede municipal. Durante o ano em curso foram matriculados 13.233 alunos, dos quais 2.217 no ensino pré-escolar, 9.934 no primário, 857 no secundário do primeiro ciclo e 225 no segundo. O número de professores é de 337.
As autoridades escolares receberam da Direcção Provincial de Educação 278 pacotes de material didáctico para professores, 3.500 fichas para a iniciação, dois armários e 1100 carteiras individuais. No que diz respeito à formação profissional, estão inscritos mais de 100 instruendos no Centro Municipal de Formação Profissional
O Centro de Saúde Municipal regista mensalmente uma média de 11 doentes internados, 798 consultas e 16 partos. O banco de urgência atende 411 pacientes por mês.
Durante o mês de Setembro, foram diagnosticados 521 casos de malária, 179 de diarreias agudas, 394 doenças respiratórias, 267 de febre tifóide, 37 gastrites, 11 casos de hipertensão arterial, 43 casos de sarna e 27 de reumatismo.
Em relação à saúde materna foram vacinadas, em Agosto e Setembro, 84 mães contra o tétano, realizadas 131 consultas e 16 partos, dos quais cinco bebés morreram.
As campanhas de imunização contra a tuberculose, poliomielite e sarampo tiveram a adesão de 47.099 crianças.
Quanto à actualização do registo eleitoral, até o dia 13 de Setembro tinham sido registados 489 cidadãos, dos quais 271 do sexo masculino e 218 do feminino.
Falta de quadros
O corpo da Polícia Nacional em Ambaca registou durante o mês de Setembro 13 casos, todos esclarecidos. Em relação ao trânsito automóvel ocorreram dois acidentes de viação, sendo um por despiste e outro por choque contra uma casa, tendo como consequência um morto e três feridos.
As principais dificuldades em Camabatela são a falta gritante de quadros, insuficiência de estruturas (escolas e postos médicos), o acentuado estado de degradação das vias e a falta de água em algumas localidades do município.
O município de Ambaca é limitado a Norte pelos municípios do Negage e Cangola, a Sul por Samba Cajú e a Oeste com o Dange-Quitexe. É constituído pelas comunas do Bindo, Luinga, Máua e Tango. Tem uma extensão territorial de 30.807 quilómetros quadrados, o seu clima é temperado, e tem uma população de 70.500 habitantes.
A reabilitação da estrada Uíge / Luanda tem, infelizmente, contribuído para a nova guerra em Angola: a guerra das estradas. O alargamento da via e a sua repavimentação induz um aumento de velocidade para o qual o traçado da estrada não está preparado. O mais grave, ainda, é os condutores profissionais não adaptarem a sua condução às características do arruamento.
O esforço gasto na reedificação das infraestruturas tem por vezes este lado perverso que, tanto em Angola como em Portugal, se paga com um número elevado de vítimas.
| 23-09-2010 / 14:30 / TPA
Acidente rodoviário mata 3 pessoas neste final de semana
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Três pessoas perderam a vida, quando a viatura em que se faziam transportar capotou em consequência de uma manobra perigosa. O acidente que teve como único sobrevivente o motorista ocorreu próximo da aldeia de Bengue a 32 quilómetros do município de Kitexi, Província do Uíge. Importa realçar que o referido veículo fazia transporte de grades de cerveja com destino a capital do país.
10-09-2010
Uíge - Vinte e quatro mulheres do grupo coral da IEBA, quatro das quais em estado grave, ficaram feridas quinta-feira, em consequência de um acidente de viação ocorrido nas imediações de Vista Alegre, município de Quitexe, aproximadamente 100 quilómetros a sul da província do Uíge.
O autocarro que as transportava para município do Bembe, para festejarem os 100 anos da fundação desta confissão religiosa, capotou e deixou quase todos os seus ocupantes feridos.
As vítimas estão a receber tratamento no hospital provincial, de onde as quatro coristas em estado grave vão ser evacuadas para a capital do país, devido a gravidade das lesões contraídas, apurou a Angop.
30-07-2010 Cinco pessoas morreram de acidente hoje na via Luanda/Uíge Uíge - Cinco pessoas morreram nesta manhã de sexta-feira, vitimas de acidente de viação na via Luanda/Uíge, informou hoje à Angop no local, o regulador em serviço na referida via, Santos de Oliveira Segundo explicou, os únicos ocupantes do camião/cisterna que transportava combustível para o Uíge faleceram de imediato, após o despiste da viatura, deixando até a altura da informação, o motorista entalado no camião.
Nota: A maioria das fotos são da autoria de Luís Felizardo (Bembe) a quem agradecemos. |
Dando por findo um tempo sem notícias, aqui vai alguma informação em que tropecei numa ida ao Arquivo Histórico Ultramarino. Trata-se do Dicionário Corográfico-Comercial de Angola, 4ª Edição, 1959, e as respectivas páginas sobre o Quitexe.
Uma pequena nota de aviso: por definição, os dados constantes do dicionário são anteriores à data de publicação. Mais: naqueles dias, tanto o Quitexe como quase toda aquela zona estava em desenvolvimento acelerado. E se a 1ª edição é de 1947 e a 2ª de 1948, já a 3ª é de 1955. Assim, eu diria que muita da informação poderá ter passado de uma edição para a outra (55 para 59), pois seria pedir demasiado que toda ela fosse reavaliada. Seja como for, e podendo eu estar enganado, uma coisa é certa: a informação será (tendencialmente) a verdadeira para um dos seguintes anos: 1956, 57 ou 58.
João Cabral
Nos anos 50 a produção indígena era ainda descascada segundo o método tradicional no pirão, pois os comerciantes só compravam café limpo, que era ensacado em sacos de juta de 80 Kg. Em algumas sanzalas foram instalados, mais tarde, descascadores mecânicos accionados por motores de explosão que tornam a tarefa mil vezes mais rápida.
Nas fazendas dos europeus, as maiores áreas de cultivo, aliadas à maior capacidade financeira e empresarial, possibilitaram a introdução rápida dos métodos mecânicos.
Na Fazenda Quimbanze o equipamento para descasque e beneficiação do café começou com um simples descascador que funcionava movido por um tractor Volvo que tinha uma transmissão para esse efeito.
Uns anos depois, por volta de 1956/57, compramos ao Ferreira Lima uma máquina que trabalhava no Pumbaloge, marca ANDREIA, fabricada em Limeira - Estado de S. Paulo - Brasil, composta, à entrada por uma tarara que fazia a limpeza dos objectos estranhos e mais volumosos e, seguidamente, por meio de elevadores, enviava a Mabuba (café seco por descascar) para o descascador que funcionava como um moinho de martelos e não por aperto num sem-fim, como os descascadores primitivos. Uma potente ventoinha expelia para o exterior toda a casca, sendo o produto do descasque levado para um peneiro que com vários movimentos separava o café completamente descascado dos bagos por descascar e os reconduzia ao descascador.
O café limpo, saído deste peneiro, era distribuído por dois classificadores para tamanhos, cada um com quatro seleccionadores com a sua bica que deitavam, cada um, para sua tulha. Era uma máquina muito interessante, quando em funcionamento, movida por um motor diesel que antes estava na cerâmica.
Um ano depois, como deixou de ter interesse a classificação que se fazia, esta ANDREIA foi substituída por uma máquina idêntica, mas sem classificador e de maior rendimento, fabricada em Angola pela SOTECMA, Sociedade Técnica Cardoso de Matos do Amboím.
No ano de 1970 a colheita foi de tal maneira atacada pela “broca”, que furava os bagos ainda verdes na árvore, que, depois de seco e descascado, rigorosamente classificado, o café não iria além de resíduos. Tentando minorar essa calamidade pela escolha, comprámos em Luanda à pressa, uma máquina brasileira marca MOREIRA que fazia essa selecção. Funcionava por meio de um motor eléctrico, pelo que tínhamos que por a trabalhar durante o dia o gerador da iluminação eléctrica. O resultado foi pouco animador, pois como sabíamos, a maior parte dos bagos estava furada reduzindo a colheita desse ano para um terço.
Depois do primeiro choque, de que os exportadores se aproveitaram para comprar aos produtores pelo preço que entendiam, a situação quase normalizou, deixando o bago furado de ser considerado defeito com a importância que vinha tendo.
Pouco tempo depois comprámos um secador que se destinava a retirar a humidade do café quer já descascado, quer, principalmente, em mabuba, que por qualquer acidente como uma chuvada no terreiro onde esta secava ou por motivos de espaço, de onde era retirada mal seca.
Esta máquina compunha-se de um enorme cilindro metálico que rolava sobre si e tinha umas saliências interiores para misturar o seu conteúdo, onde era injectado ar quente e seco proveniente de uma caldeira tubular. No interior dos tubos circulava ar, em vez de água, a temperaturas convenientes e saía, depois, com a humidade tirada ao café ou mabuba. Este secador foi comprado e construído em Luanda numa firma onde entrava o nome Antão.
Nessa altura começou um novo processo de descasque chamado de “via húmida” que apenas a Companhia do Pumbassai utilizava, não por ser mais caro, mas apenas diferente, que requeria um terreiro pavimentado, de preferência. O café, colhido em cereja e maduro, era facilmente despolpável numa espécie de descascador, parecido com os antigos, onde era prensado com bastante água, pelo que, assim lavado, secava no terreiro mais facilmente. Este processo implicava que a colheita tinha que ser feita com mais cuidado de maneira a não levar bagos verdes que, depois de secos, ficavam negros prejudicando a classificação do café.
Em 1975 a Fazenda Quimbanze era uma das mais bem equipadas não só no sector do descasque e beneficiação, mas também nas restantes estruturas.
A sua produção era a de uma fazenda média, podendo em 1975 e, a partir daí, chegar às 500 toneladas / ano.
Placa de identificação do Quitexe colocada pela JAEA
Fotografia de José Oliveira tirada em 1969
Após o alargamento e repavimentação da estrada foi colocada nova placa como comprova a fotografia tirada por Luís Felizardo na sua viagem até ao Bembe.
A comuna de Aldeia Viçosa, no município do Quitexe, província do Uíge, ainda mostra as ruínas provocadas pela guerra. Desde que Angola vive em paz há muito projecto concretizado mas ainda está muito por fazer, sobretudo nos sectores da educação e da saúde.
São 14 horas e as ruas da comuna da Aldeia Viçosa estão desertas e silenciosas. A maioria dos habitantes dedica-se à produção agrícola. Vão às lavras muito cedo e só voltam no final do dia.
Os estabelecimentos comerciais têm poucos produtos nas prateleiras, mas já se nota algum movimento de clientes. É o renascer de uma localidade fustigada pela guerra durante três décadas.
Alguns jovens estão pendurados nos velhos muros do tempo colonial, falam e riem. Mas a maioria está nas aulas que funcionam nos escombros das antigas unidades militares e igrejas construídas no período colonial.
Neste momento estão em construção mais escolas, postos e centros de saúde, sistemas de abastecimento de água potável e de distribuição de energia eléctrica.
O administrador comunal, Mateus Pedro, disse à reportagem do Jornal de Angola que a população continua a praticar uma agricultura do tipo rudimentar. Mandioca, jinguba, feijão, pevide, batata, abóbora, banana e uma grande diversidade de hortícolas, são os produtos mais cultivados na região. Alguns cafeicultores estão a dar pequenos passos com vista à revitalização da produção do café.
Falta água e luz
Vila Viçosa está sem energia eléctrica e água potável. A comuna tem postes de iluminação alimentados por placas solares que funcionam à noite. “Temos projectos para construir sistemas de captação, tratamento e abastecimento de água e para a rede eléctrica. Esperamos que sejam concretizados o mais rápido possível”, disse o administrador, acrescentando que os sectores da energia e águas fazem parte das prioridades definidas para a rápida recuperação de Aldeia Viçosa.
“A reabilitação das vias de acesso vai possibilitar o transporte dos materiais necessários para a construção de escolas, postos de saúde, sistemas de fornecimento de água potável e energia eléctrica, para além de facilitar a livre circulação de pessoas e bens”, rematou o administrador Mateus Pedro.
Abandono escolar
Carlos Cabral Alexandre, coordenador escolar da comuna, está preocupado com o abandono das crianças: “muitos alunos desistem de ir às aulas por negligência dos pais, que obrigam os filhos a trabalhar nas lavras”.
O coordenador escolar disse à reportagem do Jornal de Angola que, durante o presente ano lectivo, pelo menos 102 crianças desistiram de estudar: “são 55 rapazes e 47 raparigas que decidiram trocar a escola pelo campo, obrigados pelos pais. Já convocamos os encarregados de educação, mas eles são indiferentes à situação”, informou.
O ensino primário e o primeiro ciclo têm um total de 925 alunos matriculados, sendo 520 masculinos e 405 femininos, que estudam nos escombros de antigas unidades militares, igrejas, e debaixo de árvores. A comuna tem 76 professores que asseguram o funcionamento do sector.
Os alunos que transitam para o segundo ciclo são obrigados ir até à sede do município do Quitexe, para darem continuidade aos estudos. O material didáctico é outra dor de cabeça. Há uma grande carência de manuais de leitura da quarta classe.
O Governo Provincial do Uíge está a construir em Vila Viçosa uma escola de quatro salas com capacidade para albergar 360 alunos subdivididos em dois períodos de aulas. A rede escolar tem 17 escolas que funcionam em péssimas condições e nem sequer têm carteiras. Os alunos levam de casa bancos ou latas para se sentarem.
Irene Augusto Manuel, estudante da 9ª classe, está feliz com a construção da nova escola: “já é tempo de estudarmos em escolas com carteiras e quadros.
Estou feliz porque, finalmente, vamos deixar de estudar debaixo de árvores ou em salas de aulas que não possuem quadros nem carteiras”, disse.
“É um grande passo que o Governo Provincial está a dar, mas é preciso construir mais escolas para que todos os estudantes da comuna possam sentir-se bem”, disse o estudante Amélio António.
Amílcar Fernando Maxinde é de opinião que a nova escola, para além de proporcionar uma imagem mais vistosa à vila, vai contribuir para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. “Mas é necessário que esteja bem apetrechada e precisamos de mais escolas”, disse a concluir.
Ambulância sem motorista
Aldeia Viçosa tem um centro de saúde onde funcionam apenas três enfermeiros. Miguel Candando Boto, chefe do centro de saúde comunal, disse que a unidade sanitária necessita de, pelo menos, sete enfermeiros para permitir a melhoria dos serviços de assistência sanitária às populações locais.
Apesar do Governo Provincial do Uíge colocar uma ambulância nova à disposição do centro de saúde da comuna, ela não funciona por falta de motoristas.
“Nós recebemos a ambulância há mais de dois anos e até agora não conseguimos arranjar um motorista. Sempre que é necessário evacuar um doente, pedimos sempre favores a alguns motoristas que, embora trabalhando noutros sectores, se mostram disponíveis para nos dar uma ajuda”, revelou.
Por falta de reagentes, no laboratório são feitas apenas análises de gota espessa, fezes e urina. O paludismo e as diarreias agudas são as doenças mais frequentes na localidade.Quanto ao paludismo, o chefe do centro de saúde da comuna de Aldeia Viçosa, Miguel Candando Boto, garantiu que o sector realiza palestras sobre as formas de prevenção da doença, para além de distribuir mosquiteiros à população.
Para o responsável comunal, a distribuição de água potável às populações seria o melhor antídoto para a prevenção de muitas doenças de origem hídrica.
“Se tivessemos regularizado o abastecimento de água potável às populações, tenho a certeza que muitos casos de diarreias seriam cortados pela raiz”, disse.
Caça furtiva
A par da agricultura rudimentar, a caça é outra forma encontrada pelas populações para a sua subsitência. Macacos, javalis, veados e outros animais de pequeno e médio porte são encontrados no mercado local e ao longo da via que dá acesso à Vila Viçosa.
As autoridades proibiram a caça desses animais, mas caçadores furtivos abatem diariamente dezenas de peças de caça que são encontradas facilmente à venda no mercado local.
De acordo com velho Manuel, apesar da proibição, as pessoas continuam a caçar, porque além da caça ter tradição na região, é um dos poucos meios existentes para a sobrevivência de muitas famílias.
José Bule - Jornal de Angola
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