Quinta-feira, 29 de Outubro de 2009

As Telecomunicações do Quitexe em 1961/63 - 2ª parte por Arlindo de Sousa

 

Como facilmente se compreende, sendo os transreceptores P19 coevos da 2.ª Guerra Mundial (1939-45), nos anos sessenta estavam a ficar tecnicamente bastante obsoletos. Outros modelos mais avançados tinham entretanto entrado no circuito comercial da especialidade. Pelo que no Quitexe em 1963, se não estou em erro, se procedeu a substituição dos velhos e saudosos P19 por volumosos transreceptores RCA de cristais fixos de operação muito semelhante à utilização de um telefone normal. Se bem me lembro, os aparelhos em foco apenas permitiam a utilização de duas ou três frequências fixas: através de uma era possível transmitir de modo a que o sinal pudesse ser ouvido num rádio doméstico de forma não só absolutamente perceptível, mas com a qualidade do som irradiado por uma qualquer emissora; através de outra, o sinal chegava aos rádios domésticos de forma confusa e insusceptível de ser descodificado (funcionava como um canal secreto); e a terceira frequência parece-me que funcionava como canal de emergência. Mas tudo o que acabo de referir deve ser aceite com alguma reserva. Não esqueçamos que já lá vão quase cinco décadas. E praticamente não cheguei a operar com o novo transreceptor. Mal ele foi instalado, parti eu para Luanda a fim de iniciar o cumprimento do Serviço Militar.
Militares portugueses em operações na Serra da Canda junto à fronteira com o Zaire em 1966. O transreceptor patente na foto era alimentado por um dínamo impulsionado por pedais, à semelhança de uma bicicleta de ginástica sem rodas. O signatário está em 1.º plano segurando o microfone.
A recordação mais viva que tenho do novo transreceptor é a do enorme tamanho e a qualidade e intensidade do som, que se fosse recebido no máximo através do altifalante associado (e não através do acessório tipo telefone) podia ser ouvido quase no meio da vila do Quitexe. A esta distância temporal, hoje tenho também a convicção de que a substituição dos velhos e saudosos P19 pelos volumosos transreceptores RCA de cristais fixos, em termos de comunicação à distância através do éter, significou igualmente o fim de um certo pioneirismo romântico e de uma época irrepetível.
Em matéria de telecomunicações, eu não conheci a vila do Quitexe antes de 15 de Março de 1961. Os que a conheceram directamente, por lá terem nascido ou trabalhado e porventura visitem de vez em quando este site, poderão também deixar aqui o seu testemunho. Todavia, numa publicação de 1959 (Dicionário Corográfico Comercial de Angola…, 4.ª Edição, Edições Antonito, Luanda – Angola) encontrei sobre o Quitexe, entre outra informação, o seguinte:
 “C.T.T.: Est. F. P. (Estação telefono postal) de 3.ª, com rádio transreceptor P. 19, comunicando oficialmente com Camabatela; enc. post. ord. (Encomends postais ordinárias) e todos os demais serviços em Carmona. A pov. (povoação), sede dum posto com grande movimento, ambiciona ter uma est. T. P. (Estação telégrafo postal) de 2.ª, com pessoal privativo dos C.T.T. e tem condições para isso. É servida pela carreira de autocarros entre Luanda e Carmona.”
Entre 1959 e 1961, não sei se quanto a telecomunicações houve qualquer evolução. O que sei, por experiência directa, é que durante o tempo em que trabalhei no Quitexe (1961-63) o serviço de correio era assegurado pela própria Administração (subíamos os dois ou três degraus de acesso e, em vez de seguirmos em frente em direcção à secretaria, entrávamos na porta à esquerda).
 
Ali havia a possibilidade de enviar e receber correio normal, registado e até de receber e enviar telegramas através do transreceptor P 19 que, em horário estabelecido, se ligava à Central dos C.T.T. de Carmona. Tal como, se tivermos em conta a transcrição supra, já acontecia em 1959 e muito provavelmente também sucedeu no curto período de tempo que se seguiu até 15 de Março de 1961.
     
       A ditar um telegrama para a Central dos Correios do Uíge
Como podemos constatar, quando deixei o Quitexe em Setembro de 1963, a antiga ambição da vila de ter “uma est. T. P. (Estação telégrafo postal) de 2.ª, com pessoal privativo dos C.T.T.” continuava por realizar. 
Entretanto, creio que no início de 1963, era instalado o primeiro posto público de telefone no Quitexe. Passou a funcionar também na Administração e, à semelhança do serviço “F. P.” (telefono postal), também ligava a vila à Central dos C.T.T. de Carmona. Os telegramas, que anteriormente eram enviados e recebidos pelo “rádio transreceptor P. 19”, passaram a ser ditados de e para Carmona pelo telefone.
 O serviço telefónico era assegurado dia e noite. Durante algum tempo, eu próprio pernoitei na Administração, precisamente no compartimento onde estava o telefone, para assegurar o dito serviço. Recordo-me de que, estando ali sozinho, para quebrar a monotonia entretinha-me a falar com o funcionário que desempenhava idêntica tarefa na Central dos C.T.T de Carmona. Falávamos durante horas e horas. Às vezes, através do sistema de comutação da Central (o serviço de comutação de ramais ainda era inteiramente manual), aparecia um terceiro ou terceira participante na conversa. Das relações do meu interlocutor. Conversámos tanto, tanto… e nunca cheguei a conhecê-lo pessoalmente. Já nem do nome me lembro!
Não recebia qualquer compensação pecuniária por assegurar aquele serviço. No dia seguinte de manhã, com a abertura ao público da Administração, iniciava as minhas tarefas normais de funcionário administrativo. Daquela experiência ficou-me apenas a possibilidade única de, passado quase meio século, poder afirmar que a linha telefónica, estendida entre Carmona e o Quitexe, em 1963 esteve durante muitas noites à minha inteira disposição. Utilizava-a como uma espécie de Internet. A única limitação era o sono. Não foram poucas as vezes em que deixei o meu interlocutor “pendurado”. Vencido pelo cansaço e pela imperiosa necessidade de dormir, ausentava-me involuntariamente para o reino do deus Morfeu.
    Microfone de um transreceptor P 19
Voltando aos saudosos transreceptores P19, em muitas ocasiões as condições de exploração eram francamente más. Admitindo que num determinado momento estávamos a operar em 5.3, descer por exemplo para 5.0 ou subir para 5.5 era muitas vezes a solução. Contudo a exploração numa frequência indevida atrapalhava por vezes outros operadores de rádio e, além disso, havia a autoridade que vigiava o espaço radioeléctrico. Como se sabe um bem escasso. Por isso, de vez em quando, apareciam na Administração do Concelho notas do Serviço de Vigilância do Espaço Radioeléctrico de Angola (não sei se esta designação está correcta) a lembrar as frequências que legalmente nos estavam atribuídas.
Nós tomávamos conhecimento e no dia seguinte, se a urgência do serviço e as dificuldades eventualmente presentes no espectro radioeléctrico em o efectuar assim o ditassem, voltávamos a operar numa qualquer frequência que encontrássemos disponível e livre de ruído. 
Qualquer operador de rádio sabe por experiência própria que as interferências podem ser devidas a condições atmosféricas adversas. E que podem variar muito ao longo do dia. Essencialmente por se alterarem as condições de propagação das ondas hertzianas. Mas, inúmeras vezes, tinha-se a impressão de que as dificuldades de transmissão e recepção eram causadas por interferências propositadas. Seriam interferências hostis provocadas intencionalmente pelo conhecido método de empastelamento de comunicações, que basicamente consistia então em utilizar um emissor mais potente, sediado por exemplo num país vizinho, para lançar ruído contínuo na frequência de uma rede rádio em horário de laboração?
          
Antigo terminal de telefone -CP                             Telefone analógico
Com certeza que em matéria de comunicações à distância, as coisas no Quitexe passados tantos anos estarão hoje muito diferentes. Seria interessantíssimo que algum amigo daquela vila ou ali a residir deixasse aqui consignado o panorama actual da estimada vila quanto a telecomunicações.

 

publicado por Quimbanze às 12:21

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Quarta-feira, 28 de Outubro de 2009

As Telecomunicações do Quitexe em 1961/63-1ª parte por Arlindo de Sousa

 Como é amplamente sabido, a seguir a 15 de Março de 1961 a vida no Quitexe e zona envolvente, tal como em muitos outros pontos do Norte de Angola, ficou totalmente desorganizada. Em todas as vertentes: numerosas vítimas; povoações e fazendas destruídas; itinerários inseguros, etc.

No contexto de desorganização verificado, a que de imediato se tentou responder tentando repor a normalidade perdida, as comunicações via rádio tiveram um papel fundamental. Com a utilização dos velhos transreceptores P 19 pela sede do concelho, pelos postos administrativos e até pela maioria das fazendas. Cujos proprietários, refeitos do choque inicial provocado pelo ambiente generalizado de sublevação, voltaram ao trabalho. Empregando como mão-de-obra gente do Sul de Angola.
Em Aldeia Viçosa, quando o chefe de posto António Augusto Ribeiro França e eu próprio lá chegámos, para além dos víveres e do diverso material transportado, contava-se um P 19. Com que comunicávamos umas três vezes por dia com a Repartição Distrital de Administração Civil do Quanza Norte em Salazar, actual N’Datalando. O pelotão da Companhia de Caçadores 89, que em regime de rotatividade guarnecia Aldeia Viçosa, tinha os seus próprios meios de comunicação.
                     A comunicar utilizando o transreceptor P19
O material informativo enviado tinha normalmente a ver com eventuais ataques e respectivas consequências, verificados na área do posto, e com o que estava a ser tentado para recuperar social e economicamente a região. Em sentido inverso vinham instruções ou respostas a solicitações do posto. Ao tempo era governador do distrito, o Major Silva Sebastião.
Em condições normais, um posto administrativo só operava no âmbito de uma rede rádio do respectivo concelho. Mas o caso de Aldeia Viçosa constituiu transitoriamente uma excepção, porque a sua instalação precedeu a instalação da administração do recém-criado concelho a que pertencia (o Concelho do Dange com sede no Quitexe) nuns dois ou três meses. Passado este lapso de tempo, a situação normalizou e o Quitexe, enquanto sede da administração do Concelho do Dange já em pleno funcionamento, passou a ser a central da rede rádio que agregava os postos de Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Cambama (o último posto administrativo a entrar em funcionamento).
Paralelamente o Quitexe passou a integrar a rede rádio do distrito, cuja central estava sediada em N’Datalando e agregava os concelhos de Ambaca, Quiculungo, Golungo Alto, Dembos e Cambambe.
 Mais tarde e após a sua transferência em 21 de Julho de 1962 para o distrito do Uíge (era governador o então Major Rebocho Vaz), o Quitexe em termos de telecomunicações passou a integrar a rede rádio do seu novo distrito. Cuja central sediada em Carmona agregava os concelhos de Negage, Santo António do Zaire, S. Salvador do Congo, Zombo, Pombo, Damba, Ambrizete, Nóqui, Cuango e Macocola.
   
 Interior da Administração - Sala do transreceptor P19 (são visíveis os sacos de areia a defender a janela)
Os velhos P 19, como eram habitualmente designados, prestaram serviços inestimáveis. Em situações de urgência, não foram poucas as vezes em que foi possível falar directamente com a Torre de Controle do Aeroporto de Luanda e até com o avião solicitado já em pleno voo. Para assim se poder dar mais alguma esperança àqueles que, feridos, precisavam de ser evacuados com a maior brevidade possível. Quantas vidas, não foi assim possível salvar?  
Em condições normais, os velhos P 19 cumpriam bastante bem. Quando as interferências ou as condições de propagação nos molestavam era possível mudar de frequência. E tentar melhor intensidade de sinal (QSA) para dar pleno e satisfatório cumprimento ao serviço de transmissão e recepção de mensagens. Umas em linguagem clara. Outras, se o assunto o exigia, devidamente cifradas. Para a codificação do material enviado e descodificação do material recebido existia na Administração um dicionário criptográfico. E o mesmo sucedia em cada um dos lugares onde estavam sediados os transreceptores que integravam a rede rádio concelhia e a rede rádio distrital.
A metodologia utilizada no trabalho de emissão e recepção era bastante artesanal (aprendíamos por autodidactismo). Seguindo apenas e remotamente alguns dos procedimentos habitualmente usados noutros serviços oficiais de transmissões por rádio, que habilitavam os seus operadores de rádio com cursos específicos. Em todo o caso, dominávamos o Alfabeto Fonético usado pela ICAO (Organização Internacional da Aviação Comercial) e mais algumas competências interiorizadas com a prática diária.
No meu caso específico, tinha frequentado um Curso de Morse em Luanda a título particular. Muito antes de ingressar no Quadro Administrativo. Tentando aumentar as hipóteses de vir a conseguir um emprego melhor. No Quitexe havia uma chave de Morse, mas nunca foi utilizada. O pessoal não estava tecnicamente apetrechado para o efeito.
 
Talvez seja útil recordar que o Código de Morse, concebido pelo físico americano Samuel Morse (1791-1872) em 1832, assenta na possibilidade de à distância se transmitir letra à letra através de um fio condutor e mais tarde também através de ondas hertzianas.
              
                                               Samuel Morse
As letras são representadas por traços e pontos. Um ponto corresponde a um sinal acústico brevíssimo (cerca de 1/25 do segundo) e um traço a um sinal acústico cerca de três vezes mais prolongado. Assim a letra A é identificada por um ponto e um traço; a letra B por um traço e três pontos; a letra C por traço ponto traço ponto. E assim sucessivamente.
                                                Código  Morse
Quanto ao Alfabeto Fonético ICAO, faz equivaler a cada uma das letras do alfabeto uma palavra mundialmente conhecida por todos os operadores de rádio. Profissionais ou amadores. A título de exemplo, se estou envolvido numa transmissão de rádio a partir de Viseu e pretendo identificar o local onde me encontro, informo que estou a transmitir de Victor, India, Sierra, Echo, Uniform. E por aí fora.
O mundo das comunicações tem beneficiado nos últimos anos de uma verdadeira revolução técnica. Em todo o caso ainda está bem perto de nós a época em que o Alfabeto Fonético ICAO era de aplicação obrigatória nas radiocomunicações aeronáuticas, marítimas, militares, dos correios, etc.
Arlindo de Sousa

 

publicado por Quimbanze às 14:23

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Terça-feira, 27 de Outubro de 2009

Anuário do Ultramar - 1959

De 1956 a 1959 é impressionante o aumento das casas comerciais no Quitexe.

 

Se no princípio da década eram apenas três ou quatro, a meio da década passam a nove e, em três anos, disparam para mais de 34, incluindo um talho. Toda esta actividade fomenta o aparecimento de pensões (duas), oficinas de reparação de automóveis (duas) e  depositários de gazolina (quatro).

 

Na agricultura regista-se um aparente decréscimo, que não corresponde à realidade. De facto em 59 não são registadas muitas empresas descritas em 56 e que se mantinham em laboração.

 

Outros ramos ganham, também, protagonismo. Na exploração de madeiras surgem sete serrações e o incremento da construção leva ao aparecimento de duas cerâmicas.

 

 

publicado por Quimbanze às 11:11

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Anuário do Ultramar - 1956

Na edição de 1956 encontramos a descrição de todas as empresas existentes no Quitexe em 55, nos diversos ramos da actividade económica:

 

publicado por Quimbanze às 10:40

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Segunda-feira, 26 de Outubro de 2009

"Anuário do Ultramar Português"

João Carlos Cabral, que continua as suas investigações sobre o "Faísca", vai tropeçando com informações sobre o Quitexe e tem a amabilidade de mas enviar. As que agora publico encontrou-as ao esmiuçar o "Anuário do Ultramar Português", edições de 1951, de 1955 e de 1959. É provável que os elementos se refiram aos anos imediatamente anteriores (50, 54 e 58). A mais antiga, de 51, é a publicidade à casa comercial do meu pai, João Nogueira Garcia:

 

 

 Outros anúncios encontrados referem-se aos comércios de Abílio Guerra, Rui Rei e Agostinho Correia Mendes em 1955:

 

 

 

 

 

publicado por Quimbanze às 11:51

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Sábado, 17 de Outubro de 2009

As viaturas da Administração em 61 - por Arlindo de Sousa

 

Esta foto apresenta o Jeep Willis que a Administração do Concelho do Dange herdou do antigo Posto Administrativo do Quitexe. Foi usado pelo seu último Chefe de Posto, Nascimento Rodrigues. Como dissemos num outro momento, o Quitexe pertencia então ao concelho de Ambaca em Camabatela.
 
 
 
 
 
Esta foto exibe o Nissan Patrol que a Administração adquiriu novo. Era uma belíssima viatura. Que na fotografia eu estou a estacionar em frente da então Residência do Administrador.
 
Sobre as viaturas do estado, recordo que em virtude de alguns abusos (sobretudo nos grandes centros urbanos dizia-se que havia funcionários que as utilizavam até para irem à praia) houve um governador-geral (já não me lembro do nome) que quis acabar com tais anomalias. Para o efeito fez sair legislação provincial que determinava que todas as viaturas do estado deviam ser identificadas lateralmente com a palavra “ESTADO”. Escrita com letras quase garrafais (o tamanho das letras era devidamente estipulado). Inicialmente até no Quitexe a determinação foi cumprida. Posteriormente, dados os óbvios inconvenientes por se tratar de uma zona sublevada, o Quitexe e todas as outras zonas igualmente afectadas, foram oficialmente dispensadas da supra-referida disposição legal.
 
 
Arlindo de Sousa
publicado por Quimbanze às 22:12

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Segunda-feira, 12 de Outubro de 2009

Quitexe - Chegada de Batalhão - Arlindo de Sousa

 

Esta foto mostra o aparato de um batalhão de tropa, então recém-chegado ao Quitexe para render a Companhia de Caçadores 89.
Para o aboletamento de tantos militares foi necessário requisitar casas civis, cujos proprietários estavam ausentes desde os trágicos acontecimentos de 15 de Março de 1961. Devido à ausência dos donos das casas, e para mais fechadas, o comandante do batalhão dirigiu a requisição à Administração do Concelho.
No dia seguinte, eu, indigitado pelo administrador, e um oficial, indigitado pelo respectivo comandante, acompanhados de ajudantes entrámos nas casas. Depois de devidamente inventariados, os bens encontrados foram armazenados num compartimento para o efeito escolhido em cada casa.
Enquanto decorria a tarefa de inventariação, não nos passou despercebido o facto de invariavelmente os calendários ostentarem ainda a data de 15 de Março de 1961. A folha não fora arrancada. Naquele trágico dia o tempo parou no Quitexe. Como todos sabemos, mais tarde o curso do tempo foi retomado com grandes sacrifícios. Mas também com enorme sucesso. Os que o viveram têm o dever de o testemunhar por escrito para memória futura. Enriquecendo assim a História de Angola e a História de Portugal.
Arlindo de Sousa
publicado por Quimbanze às 23:38

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Comentário - Octávio Botelho

Octávio Botelho, deixou um comentário ao post Comercializados mais de 137 mil quilogramas de café mabuba às 22:39, 2009-10-10.


Comentário:


Olá, muito boa noite!...O meu nome é Octávio Botelho, sou sarg.Ajud.Artª., reformado e nos anos de 64/65/66/67, estive como furriel, no RAP-2, a fazer a formaçâo do BArt 786, integrado na CArt 785. 

Era meu Comandante de Compª. o Capitão Artª.Almeida Costa; o Comandante de Batalhão era o Ten. Cor. Coito Graça e o 2º.Cmdt. o Major Pinheiro.

Em 65 embarquei no "Vera Cruz" para Luanda e depois de lá estar, foi  o Batalhão(CCS), colocado no Quitexe e as Companhias (785), no Liberato,(784), na Fazenda Stª.Isabel(Vamba) e (783), em Zalala(Luége).

Ao ler os "posts" aqui colocados, revivo na minha memória factos ocorridos há 44 anos, locais que percorri centenas de vezes, durante os dois anos que permaneci na área!...Não tenho saudades desses tempos e do que por lá passei e que, para mim, foram muito duros. Mas tenho sim saudades da minha idade, da aventura, da minha saude que já não é o que era naqueles tempo e também, porque não, gostaria imenso de poder um dia voltar aos lugares aonde passei dois anos da minha vida e ver como estão hoje esses mesmos locais!...Mas, por outro lado, essa realização revela-se utópica, pois a minha idade e saúde actuais não me permitem meter-me em tais aventuras.

Sem mais, de momento, os meus cumprimentos ao administrador do Blogue, pedindo-lhe desculpas pela minha intrusão no mesmo.

 

Octávio Botelho 10/10/2009

 

 

Octávio, participe sempre!

Por favor envie-me o seu endereço de e-mail para que possamos contactar.

João Garcia

publicado por Quimbanze às 23:24

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Domingo, 11 de Outubro de 2009

Sinal da Televisão Pública de Angola chega ao município de Quitexe

Desta vez parece que é verdade!

  

Depois de termos anunciado, em Outubro de 2007, que haveria sinal da TPA no Quitexe até ao final desse ano, e voltado a anunciar que seria em Maio de 2008, agora, finalmente confirmou-se a inauguração. Congratulamo-nos pela instalação de mais esta infra-estrutura que possibilitará aos Quitexenses o acesso à informação audio-visual.

Uíge - Os munícipes de Quitexe, a 40 quilómetros a sul da cidade capital da província do Uíge, podem a partir de hoje, sexta-feira, assistir ao canal da Televisão Pública de Angola, inaugurado pelo ministro da Comunicação Social, Manuel Rabelais, no quadro da política do Governo de Angola de expansão e modernização dos órgãos públicos em todo o território nacional.

 
Para além de Quitexe, os municípios da Damba, Púri, Bungo e Bembe receberam igualmente o sinal da TPA.

 

 

 

 

publicado por Quimbanze às 09:51

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Quinta-feira, 8 de Outubro de 2009

Ligação aérea Quitexe - Luanda por Arlindo de Sousa

 

Esta fotografia mostra o avião que fazia a ligação aérea Luanda – Quitexe e vice-versa. Este avião um dia despenhou-se ao levantar voo. Caiu a cerca de mil metros do fim da pista.
Com o avião repleto de passageiros e os motores já em aceleração máxima, o comandante Ferreira da Silva (acho que se chamava assim) notou que havia uma falha. Mandou sair toda a gente e resolveu descolar com avião vazio para o testar num voo breve sobre a pista. Que afinal veio a ser não só mais curto do que pretendia mas ainda fatídico. O piloto ficou muito ferido e o avião destruído.
As pessoas que esperavam na pista o regresso da aeronave para reembarcar, ao mesmo tempo que lamentavam o desastre respiravam de alívio. Escaparam por sorte. Devida essencialmente ao sentido de responsabilidade do piloto.
Uma ou duas semanas depois um camião transportou os destroços do avião acidentado para Luanda.
 
Arlindo de Sousa
publicado por Quimbanze às 22:48

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Segunda-feira, 5 de Outubro de 2009

Carlos Alves - Comentário

Carlos Alves, deixou um comentário ao post Jogo de futebol solteiros / casados 1972 às 19:27, 2009-10-04.

Comentário:

Olá a todos!

Foi com grande emoção que encontrei esta página dedicada ao Quitexe ...

O tempo e as vicissitudes da vida afastam-nos das nossas raízes, empurram-nos para longe do nosso passado... Mas nós somos o que vivemos e todos nós somos um bocado do nosso Quitexe ...

Vi este jogo aos 10 anos de idade... Sou filho do Ilídio Alves da cerâmica, que era defesa na equipa dos casados. E, nesse momento, não podia adivinhar que, tantos anos depois, sentiria o que sinto agora ao ver estas fotografias, este texto e estes comentários...


Se calhar não me lembro de nenhum de vós, dos que aqui, como eu, depositaram um pouco das suas emoções e das suas recordações. Mas, curiosamente, sinto-me perto de cada um de vós, sinto-vos como amigos, sinto-vos como pertencendo ao mesmo grupo...

É a força do Quitexe que nos une..

No fundo, todos nós respirámos aquele ar, sentimos aquele cheiro, partilhámos aquele mundo que só entende quem nele viveu...

Obrigado amigos, por manterdes vivo este espaço de memória, este espaço que é um espaço comum às nossas vidas...

Carlos Alves

publicado por Quimbanze às 07:58

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Sexta-feira, 2 de Outubro de 2009

ALBINO CAPELA

Por cortesia de C. Viegas transcrevemos do seu blogue "Cavaleiros do Norte -  Quitexe" esta crónica de Albino Capela, pároco do Quitexe até 1975
 
Recordo bem os motivos que me levaram de Luanda para o Quitexe. Seria uma espécie de degredo, mas não o foi. Desde logo, fiquei encarregado da Missão Católica do Quitexe, que compreendia a área do Quitexe, Aldeia Viçosa e Vista Alegre.
Perante área tão grande, procurei organizar a minha actuação, do ponto de vista religioso. Celebraria sempre no Quitexe e depois iria a Aldeia Viçosa e Vista Alegre. Aqui começou o bom e o bonito. Para ir a Vista Alegre, era preciso escolta militar e eu desconhecia tal coisa. Cheguei ao controlo, em Aldeia Viçosa, e o soldado que estava de serviço disse-me que não podia passar e eu..., cheio de pena porque tinha trabalho em Vista Alegre, fui falar com o Comandante da Companhia e ele dispensou-me imediatamente um Unimog, ou dois, com muitos soldados. Ia no meu carro e pensava: "Sou uma pessoa importante, até vou com escolta"...
Depois aprendi a mentir (um padre a mentir!!!!...), como qualquer outro camionista, e lá passava livremente até Vista Alegre. Qual era a mentira? "Vou para a Fazenda Madeira e Marques...». Mas como todos os camionistas diziam que iam para lá, os soldados comentavam: "Madeira e Marques deve ser uma grande cidade".
Devo esclarecer que Madeira e Marques era (ainda é?) uma fazenda de café muito bem organizada e orientada pelo seu gerente, o Zé da Madeira e Marques. E agora as recordações vêm-me em atropelo: este Zé, grande amigo, bem como a família, veio a morrer em Luanda, em circunstâncias muito difíceis de esclarecer. Mais tarde, soube que a sua esposa estava em Alijó, funcionária dos CTT. Para ela, se me está a ler, um grande beijo do Padre Albino. Era assim que eu era conhecido.
Gostava imenso das pessoas do Quitexe e, quando digo Quitexe, quero dizer Quitexe, Aldeia Viçosa, Vista Alegre e Cambamba. Sempre fui muito bem recebido por toda a gente. Quando ia celebrar missa a uma sanzala, os nativos faziam uma festa: cantavam, dançavam, tocavam batuque. E nesse dia sabia-se que havia churrasco na casa do soba.
No Quitexe propriamente dito, na Vila do Quitexe, falava com toda a gente (era tão pouca!...) e mantenho ainda contactos com algumas pessoas que de lá vieram. Gostava imenso de receber na minha casa "os tropas" e lá falávamos de tudo. Era bons momentos, que não se podem esquecer. A todos estes momentos - contacto com as gentes, com os fazendeiros, como pessoal das fazendas, com os nativos das sanzalas, etc... - voltarei, se Deus quiser nos "próximos capítulos".
 
 
ALBINO CAPELA
publicado por Quimbanze às 19:44

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Protecção Civil apoia famílias sinistradas pela chuva



 Cento e 45 famílias da povoação de Kombo, município de Quitexe, província Uíge, sinistradas pela chuva, receberam na última semana, chapas de zinco e tendas, informou hoje, quinta-feira à Angop, o responsável local da Comissão de Protecção Civil, Eduardo André Pereira.
 
Segundo o responsável, foram entregues 279 folhas de chapas e três tendas.   
 
Em consequência das chuvas, 18 casas e duas igrejas da localidade de Kombo/Quitexe foram destruídas.

 

 

 

 

 

 

 

Angop

 
publicado por Quimbanze às 19:38

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